Após denúncia, profissional da TV Anhanguera se passou por cliente e gravou momento em que atendente explica que não é preciso passar pelo médico para conseguir atestado.
Uma clínica é suspeita de vender atestado médico por R$ 30, em Goiânia. Um morador da capital denunciou que a clínica vende os atestados, sem nenhuma avaliação de profissionais da saúde. Após a denúncia, um profissional da TV Anhanguera se passou por um cliente e gravou o momento em que uma atendente explica que não é preciso passar pelo médico para conseguir o atestado.
À TV Anhanguera, o advogado da Clínica Biosalute, Fernando Sousa Cunha, disse que está viajando e só pode falar sobre o assunto na quinta-feira (12), quando voltar a Goiânia. A reportagem também entrou em contato com o Conselho de Medicina de Goiás (Cremego), que disse que vai apurar a denúncia.
O morador, que não quis se identificar, disse que, após se matricular em uma academia, foi informado que precisava apresentar um atestado médico, informando que está apto a realizar atividade física.
“Eu fiz matricula a uma academia, e essa academia exigiu um atestado. E na própria academia, me indicaram essa clínica para eu conseguir esse atestado”, disse.
Após a indicação, o homem disse que entrou em contato com o local e, sem ir ao local fazer nenhum exame, conseguiu pegar o atestado.
“Simplesmente entrei em contato com a clínica e eles pediram uma foto, um um documento com foto. Eu entrei em contato pela manhã, e às 14h o atestado já estava pronto. E aí como eu não pude pegar à tarde, eu peguei no outro dia de manhã. Mas simplesmente cheguei, paguei os R$ 30 e consegui o atestado, entendeu?”, explicou.
Apesar de ter pago pelo atestado, o morador disse que não iria apresentar o papel como comprovante de aptidão física, pois achou a situação “extremamente grave”.
“Eu achei isso extremamente grave, uma vez eles entregando esse atestado de aptidão, que uma pessoa está apta pra poder exercer atividade física, eles podem estar entregando isso para uma pessoa hipertensa, pode estar entregando isso para uma pessoa que não tem condições físicas para poder exercer uma atividade física, enfim. Por isso que eu achei grave e resolvi fazer a denúncia”, disse.
Ligação
Após receber a denúncia pelo telespectador, um profissional da TV Anhanguera entrou em contato com a clínica, por telefone, como se fosse um cliente que precisava do atestado. A atendente não sabia que a ligação estava sendo gravada.
Veja a descrição da ligação:
TV Anhanguera: É da clínica de fazer exame?
Atendente: Isso.
TV Anhanguera: É que eu queria fazer um exame para malhar. Tô fazendo academia e pediram para mim. Vocês estão fazendo aí?
Atendente: Sim, eu tenho ele no valor de R$ 30 e no valor de R$ 100. Trinta reais você paga na recepção com a gente e R$100 você passa para avaliação para pegar atestado.
TV Anhanguera: Tem que passar pela avaliação?
Atendente: Não, só se você preferir. Você pode pagar na recepção aqui, que sai a R$ 30.
TV Anhanguera: Aí é só pagar?
Atendente: Isso.
TV Anhanguera: Eu posso mandar para você pelo WhatsApp, os documentos?
Atendente: Esse número que você está me ligando, ele é WhatsApp também, você manda para a gente uma foto de um documento seu, para a gente estar agendando. A partir de amanhã, das 14h até às 18h, pra agendar.
TV Anhanguera: Aí já tá pronto né?
Atendente: A partir das 14h30. Pode vir alguém pra pegar também se você preferir.
Após a negociação, que aconteceu exatamente como o telespectador havia denunciado, o profissional da TV Anhanguera não enviou o documento pessoal, nem prosseguiu com a negociação.
O atestado obtido pelo morador foi assinado por um médico fisiatra, que, segundo o perfil dele em uma rede social, é sócio-proprietário da clínica.
A reportagem foi, pessoalmente, até a clinica na manhã desta quarta-feira (11), e um homem, que se apresentou como administrador do local, informou que não tem conhecimento de nenhuma prática deste tipo.
O G1 entrou em contato com a Polícia Civil, no entanto, foi informado que a polícia não investiga ainda o crime, pois não recebeu nenhuma denúncia.
Fonte:G1/Goiás.