Deputada é presidente da Procuradoria da Mulher na Assembleia Legislativa e defendeu na tribuna a colega Bia de Lima
A deputada estadual Rosângela Rezende (Agir) passou mal durante a sessão desta quinta-feira, 14, na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Presidente da Procuradoria da Mulher na Casa, ela saiu em defesa da colega Bia de Lima (PT), que na quarta-feira, 12, foi achincalhada por Amauri Ribeiro (UB). Ao Jornal Opção, a parlamentar disse suspeitar de desidratação, o que pode ter elevado sua pressão.
“Hoje é um dia triste pra mim. Porque o meu sentimento é de indignação, não só diante do que aconteceu aqui ontem, mas de diversas outras situações e comportamentos que venho observando desde o início da legislatura”, disse Rosângela. “Não é ‘mimimi’, Amauri, estou aqui para dizer: ‘não a prática de violência política de gênero’”, arrematou.
A deputada lembrou que o comportamento de violência, mesmo verbal, pode ser punido pelo artigo 3º, da Lei 14.192/2021, “considera-se violência política contra a mulher toda ação conduta ou omissão com a finalidade de impedir, obstaculizar ou restringir os direitos políticos da mulher”. “Quando qualquer deputado ofende uma mulher no Parlamento, isso atinge a mim e a todas as mulheres que são desestimuladas ao debate e a representatividade no processo político”, enfatizou.
Segundo a parlamentar, nessa quarta, a declaração de Amauri Ribeiro foi a expressão do desestímulo para as mulheres na atuação política. “Ontem, eu ouvi a máxima: ‘isso é um Parlamento, se a senhora não se sente competente para tal peça para sair’”, reproduziu. “Percebe-se como a violência política de gênero intimida. Isso faz com que nós mulheres pensemos mil vezes antes de entrar na política”, emendou.
“Veemente repúdio”
Pela segunda vez no discurso, Rosângela usou do termo ‘mimimi’ para rebater o colega. “Mimimi, deputado Amauri, é a dor de um, que o outro não sente. Como a primeira procuradora especial da mulher da Alego, deixo aqui o meu veemente repúdio”, finalizou.
Em resposta, Amauri questionou se poderia direcionar os discursos para a deputada Rosângela. “Eu posso me referir a senhora? Ou não posso? Talvez eu não possa conversar com a senhora, porque a senhora é mulher. Aí eu não posso conversar com a senhora com o mesmo tom, que eu converso com algum deputado homem, porque eu estou conversando com o cargo”, iniciou.
Amauri chamou a reação da colega de vitimismo e acrescentou: “A senhora [deputada Rosângela] está indo na onda de gente hipócrita, que gosta de fazer vitimismo, que se acha superior a todo mundo, porque é isso que essa turma da esquerda faz. É que defende a família, mas são favoráveis ao aborto. É que defende a família, mas é favorável à liberação de drogas. Sempre lhe respeitei, e não imaginei que a senhora fosse nessa onda, como a senhora disse de ‘mimimi’. Me processe em qualquer procuradoria que a senhora quiser, faça isso”, acentuou.
Por fim, o deputado se defendeu que não é machista e nem homofóbico. Ele exemplificou que quando foi prefeito havia servidores do alto escalão da prefeitura homossexuais. “Canalhas, quem fala isso. Hipócritas, quem fala isso. Nunca desrespeitei ninguém por ser homossexual”.
Mal-estar
Ao Jornal Opção, a deputada Rosângela revelou ter acordado hoje já com dor de cabeça, e suspeita que tenha sofrido de desidratação, agravada pelo calor, o que elevou sua pressão.
“Foi o que acho que aconteceu. Estou bem”, disse.
Comissão de ética
O vice-presidente corregedor da Mesa Diretora da Alego, o deputado Cairo Salim, pediu que haja uma relação mais respeitosa, “para que consigamos debater ideias, se a gente for para a porrada aqui, não vai adiantar nada”. É ele que ao receber qualquer formulação de denúncia encaminha para a Comissão de Ética da Casa.
Fonte: Jornal Opção