MP ainda não tem data para ouvir o padre Robson sobre suspeita de desvios na Afipe e diz que apuração é ‘quebra-cabeça’

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Promotor de Justiça revela que já interrogou dez pessoas, mas que depende de outros depoimentos para poder fazer oitiva do pároco. Presidente afastado da entidade, ele sempre negou irregularidades.

O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) informou nesta quinta-feira (10) que ainda não tem uma data prevista para fazer o interrogatório do padre Robson no âmbito da Operação Vendilhões, que apura desvios na Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe). Fundador e até então presidente da entidade, ele se afastou das funções enquanto ocorrem as investigações e sempre negou qualquer irregularidade.

G1 contatou a defesa do padre sobre a indefinição da data do depoimento dele e aguarda retorno.

Em entrevista coletiva virtual, o promotor Sandro Haldfeld, um dos responsáveis pela operação, disse que esse depoimento ainda depende dos desdobramentos do que vem sendo descoberto com a análise de parte do material. Ele ressaltou que todo trabalho é bastante complexo.

“A oitiva do padre ainda não tem data porque a investigação é uma descoberta, um quebra-cabeça, uma teia. Num ponto, você ouve uma pessoa que te obriga a ouvir mais duas, ou uma fala de outra que você não estava sabendo. Fica difícil estabelecer um prognóstico”, afirmou.

A operação foi deflagrada no dia 21 de agosto último. Haldfeld afirmou ainda que, dessas três semanas para cá, a primeira foi para apresentar informações à imprensa sobre a ação e que somente nas duas últimas passaram a ser realizadas as coletas de depoimentos.

“Já ouvimos umas dez pessoas. São pessoas que celebraram contratos com a Afipe e alguns envolvidos. Algumas pessoas nas oitivas, no primeiro momento, esclarecem algumas dúvidas e geram outras”, destaca.

Padre pode usufruir de bens

Durante a coletiva, o promotor foi questionado o fato o padre usufruir de bens adquiridos pela Afipe, como um avião e uma casa na praia (na Bahia), configura algum crime. Ele informou que não e revelou que o sacerdote não tem nenhum bem em seu nome.

“Se ele estava usufruindo de casa na praia, avião, do recanto (chácara de lazer com piscina aquecida, em Trindade) e estes bens permaneciam em nome da Afipe, não há crime. Ele não tem nenhum bem. No âmbito criminal seria se ele transferisse bens para o nome dele e as investigações não demonstram [isso]”, salienta.

O que é passível de ser investigado são, conforme Haldfeled, são supostos desvios e não investimentos feitos pela Afipe, o que é contemplado pelo seu estatuto.

“Os investimentos não têm problema nenhum. Eles não são o foco [da apuração] e podem ser feitos, está previsto no estatuto. O que investigamos são desvios de valores da Afipe a pessoas ligadas ao padre e que não são da Afipe. Desvios não são investimentos. Existem operações muito suspeitas que indicam mecanismos de ocultação na origem do valor, que é a lavagem de dinheiro”, explica.

Fonte: G1

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