Pai espera há quase quatro anos por julgamento de PMs acusados de matar filho de 16 anos: ‘Revolta sem tamanho’

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Segundo as investigações, militares invadiram a casa da família e balearam o pai e o garoto, conhecido como Robertinho, em Goiânia. Policiais sempre alegaram legítima defesa.

“É uma revolta sem tamanho”. É assim que Roberto Lourenço da Silva de 45 anos define a espera de quase quatro anos pelo julgamento dos policiais militares acusados de matar seu filho, Roberto Lourenço da Silva, conhecido carinhosamente como Robertinho, de 16 anos. Em abril de 2017, três policiais invadiram a casa onde ele o adolescente estavam e os balearam, de acordo com o processo. Os réus sempre alegaram que agiram em legítima defesa.

Roberto, que na ação também foi baleado e convive com sequelas até hoje, diz que o fato de não ter uma resposta sobre o crime causa ainda mais sofrimento. Os militares foram denunciados e mandados a júri popular, mas a data do julgamento não foi marcada até esta sexta-feira (19).

“Cada dia é pior. Não quero morrer sem que esse caso seja julgado”, disse.

Os réus, Cláudio Henrique da Silva, Paulo Antônio de Souza Júnior, Rogério Rangel Araújo Silva, chegaram a ser presos mas foram soltos quase três meses depois. O advogado Maurício de Melo, que representa os três, disse que há provas de que o pai tinha uma arma e efetuou disparos antes, o que levou os policias a agirem em legítima defesa. “Acredito que as provas técnicas revelarão a verdade”, disse.

Os três respondem as crimes de homicídio qualificado, tentativa de homicídio e fraude processual. Segundo o advogado, houve um erro quando os militares foram mandados a júri popular, o que fez com que a defesa recorresse ao Superior Tribunal de Justiça.

O Tribunal de Justiça informou que aguarda o trânsito em julgado desse recurso feito pela defesa para marcar o júri popular.

A o questionar a Polícia Militar se os acusados estão em atividade e se o processo administrativo instaurado na época foi concluído. A assessoria de imprensa, no entanto, informou apenas que “os referidos militares estão respondendo na Justiça pelo crime de homicídio e aguardam julgamento”. A corporação ressaltou que “todas as medidas administrativas e judiciais estão sendo cumpridas”.

Segundo o processo, no dia 17 de abril, os três PMs, que faziam parte do serviço reservado, estavam à paisana, foram até a casa do ex-mecânico, que estava com o filho e a esposa, e desligaram o relógio de energia.

Assustado, Roberto pegou uma arma que tinha em casa, adquirida após sofrer um assalto, e deu um tiro para cima. Na sequência, foram dados vários tiros de fora da casa para dentro. Ainda de acordo com a investigação, Robertinho foi atingido por mais de dez disparos e morreu no local.

Roberto também foi baleado e socorrido. Ele recebeu alta tempos depois, mas não se recuperou totalmente, pois ainda tem projéteis no corpo que não foram retirados, o que lhe causa uma série de dores.

“Eu não consigo trabalhar mais. Não consigo ficar sentado muito tempo nem em pé muito tempo. Recebo um benefício do INSS, mas ainda não consegui me aposentar”, disse.

Quase quatro anos após o crime, não é apenas a parte física que não se recuperou. Na memória, as lembranças ainda estão muito fortes.

“Tenho todas as lembranças dele. Tanto que coisas que a gente fazia junto, não consigo fazer mais. Nunca mais fui ao cinema, fui a Caldas Novas”, completou.

 

 

Fonte: G1/Goiás

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