Segundo polícia, vídeo obtido mostra pedido de valores para operar no esquema, que conta com atuação de servidores do órgão. Operação cumpriu 31 mandados e descobriu atuação de empresas com ‘laranjas’ e familiares.
A Polícia Civil apura um suposto cartel entre empresas que prestavam serviços de fabricação e estampagem de placas veiculares para o Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO). Segundo as investigações, há provas de que servidores do órgão participavam do esquema fraudulento, que cobrava propina de até R$ 70 mil para novos interessados em ingressar no grupo.
Em nota, o Detran-GO informou que apoia as investigações e se coloca à disposição das autoridades (leia a íntegra no final do texto).
O esquema foi desarticulado após a deflagração da Operação Colludium, na terça-feira (29), pela Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (DECCOR). A ação cumpriu 31 mandados de busca e apreensão nas seguintes cidades do estado: Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Senador Canedo, Trindade, Porangatu, Valparaíso de Goiás e Santo Antônio de Goiás.
Os nomes das 24 empresas e nove pessoas que são alvos não foram divulgados. A delegada Magda D’Ávila, responsável pelo caso, disse que a investigação começou em fevereiro deste ano após uma denúncia anônima e que um vídeo que integra os autos confirma as cobranças de propina. O registro, no entanto, não foi divulgado.
“Existia o pagamento de propina no valor de R$ 70 mil, a qual foi materializado por meio de um vídeo. Nós temos um vídeo dentro dos autos que demonstra que filmaram o investigado solicitando essa quantia do interessado em credenciar sua empresa”, revela.
Esquema com ‘laranjas’
De acordo com a delegada, dois grupo distintos são investigados: um que atuou até 2018 e outro que está operando o serviço atualmente. Conforme Magda, empresários se uniram e formaram o cartel com várias empresas registradas nos nomes de “laranjas” e familiares.
“Eles faziam o uso de empresas de fachada, em nomes de laranjas e familiares e assim dominando o mercado no estado de Goiás em relação a estampagem de placas veiculares”, destaca.
Desta forma, o consumidor que precisava do serviço não tinha opção de escolha e era obrigado a sempre fazer o serviço por uma única empresa definida e pagando um valor tabelado pelo grupo. As empresa que poderiam realizar o serviço de forma correta, ampliando a concorrência, eram obrigadas a pagar propina para poder atuarem.
“Acontece um revezamento de empresas, primeiro uma empresa, segundo é outra e terceiro é outra. O usuário do serviço não direto de escolha e o preço é tabelado”, detalha.
Os investigados devem responder judicialmente pelos crimes de formação de cartel, corrupção passiva e organização criminosa.
Nota do Detran-GO:
O Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) apoia e tem colaborado continuamente com o trabalho da Polícia Civil do Estado, por meio da Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (DECCOR), que deflagrou nesta terça-feira (29/09) a Operação Colludium. A autarquia se coloca à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos necessários em relação aos fatos investigados contra servidores.
Fonte: G1/Goiás.