Outros envolvidos serão ouvidos por carta precatória por morarem em outras cidades. Treinador apontado como autor das ofensas nega o caso.
A Polícia Civil já ouviu seis pessoas sobre o caso de uma criança que denunciou ter sido vítima de ofensas raciais durante um jogo de futebol em Caldas Novas, no sul de Goiás. O delegado responsável pelo caso, Rodrigo Pereira, ainda vai ouvir outras pessoas para tentar juntar mais elementos que possam comprovar o crime de injúria racial. O treinador apontado com autor das ofensas nega o caso.
O técnico do time adversário e acusado de injúria racial, Lázaro Caiana, disse em um vídeo, gravado ao lado da família, que a denúncia é inverídica. “Somos totalmente contra esse tipo de atitude e entendemos que essa situação não pode acontecer. Nossa equipe tem atletas negros, nossa família também é negra. Então isso é impensável de ter acontecido”, declarou.
O caso aconteceu na última quarta-feira (16). Luiz Eduardo Bertoldo Santiago, de 11 anos, saiu de campo chorando após uma vitória em um campeonato e disse que tinha sido vítima de injúria racial.
“Ele falava assim toda hora: ‘Fecha o preto, fecha o preto, fecha o preto aí’. Eu guardei para falar no final. Ele falou um monte de vezes”, disse o menino, aos prantos, em um vídeo.
A Polícia Civil investiga o caso como injúria racial. Além de Luiz, prestaram depoimento na sexta-feira (18) os pais dele, o responsável pela delegação e dois pais de outros atletas do mesmo time.
“Até o momento, nenhuma das pessoas que prestaram depoimento afirmou ter ouvido as ofensas diretamente do técnico investigado. Isso será buscado com a oitiva dos demais atletas que estavam em campo e também dos membros das comissões técnicas”, disse o delegado.
Luiz e os colegas de time moram em Uberlândia (MG). Já o técnico suspeito de proferir as ofensas, Lázaro Caiana, mora em Goiânia. Com isso, a polícia deve ouvir os demais envolvidos por carta precatória. “A investigação terá o objetivo de identificar os atletas do time e os membros da comissão técnica, a fim de todos prestem depoimentos”, completou o delegado.
Após a denúncia do menino, Lázaro disse que ninguém da sua comissão técnica ofendeu os atletas da equipe adversária. Ele disse também que a arbitragem não ouviu nenhum insulto e que nada foi relatado na súmula.
Repercussão
Depois da repercussão do caso, o garoto disse que não vai deixar de perseguir o sonho de ser jogador de futebol.
“Fiquei muito triste e nem joguei direito, mas quero erguer a cabeça e seguir em frente. Respeitem o próximo. Não desistam de seus sonhos”, desabafou o menino.
Jogadores como Neymar e Gabriel Jesus gravaram vídeos em apoio a Luiz Augusto. Ele também recebeu convites do Santos, Fluminense e Vasco para fazer testes na categoria de base.
Pais lamentam
Logo após saberem do episódio, os pais de Luiz Eduardo, que moram em Minas Gerais, viajaram a Caldas Novas para dar suporte ao filho. O pai dele, Leonês Antônio da Silva, se emocionou ao falar do assunto.
“Só de olhar para o rostinho dele, dá para ver que ele está muito triste. A gente vê passando pela televisão, mas não sabe a proporção que é quando acontece com a gente. Está sendo muito difícil para mim, para ele, para a mãe dele”, desabafou.
A mãe dele, Vanessa Cristina, cobrou respeito e classificou a situação como “inaceitável”.
“Espero respeito, não só pelo meu filho, mas por todas as crianças ou adultos que passam por isso, porque isso é inaceitável”, afirmou.
Fonte:G1/Goiás.