Recuo de Bolsonaro, em declaração, agrada e desagrada apoiadores

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Dois dias depois de levar milhares de pessoas às ruas de várias cidades do país, entre elas a capital federal, São Paulo e Rio de Janeiro, o presidente da república Jair Bolsonaro divulgou, no início da tarde desta quinta-feira, 9, uma declaração onde ele praticamente desfaz tudo que ele fez, ou melhor, o que ele falou, no dia em que o Brasil comemorou 199 anos de sua independência.

 

Em seus discursos em Brasília e em São Paulo, Bolsonaro foi duro nas palavras, principalmente quando se referia ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro da corte Alexandre de Moraes. Ele também chegou a anunciar que convocaria uma reunião do Conselho da República, dando a entender que iria adotar uma medida drástica diante da crise vivida pelo seu governo.

 

O Conselho da República é o órgão superior de consulta e aconselhamento da Presidência da República, ele foi criado para assessorar o presidente em momentos de crise. Entre as suas competências estão: deliberar sobre temas como intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio. No dia seguinte, assessores do presidente disse que ele se confundiu, que ele queria dizer conselho do governo.

Veja abaixo, na íntegra, a nota polêmica e surpreendente declaração, assinada por Jair Bolsonaro, onde entre outros pontos curiosos, ele reconhece as qualidades do ministro Alexandre de Moraes como jurista e professor.

 

 

Declaração à Nação

 

No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:

 

  1. Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.

 

  1. Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.

 

  1. Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.

 

 

  1. Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.

 

  1. Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.

 

  1. Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.

 

  1. Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país.

 

  1. Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.

 

  1. Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.

 

  1. Finalmente, quero registrar e agradecer o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil.

 

 DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA.

 

Jair Bolsonaro

Presidente da República Federativa do Brasil

 

As repercussões sobre as falas do presidente, no dia 7 de setembro, e relacionadas à declaração acima, foram as mais diversas. Nas redes sociais alguns aprovaram e outros não. As críticas foram muitas, inclusive de apoiadores. Ouça abaixo um áudio que é atribuído a um dos líderes dos caminhoneiros.

O presidente da Embaixada do Comércio do Brasil, Jackson Vilar, que foi um dos organizadores de uma motociata realizada em São Paulo para o presidente Bolsonaro, reagiu de forma dura contra a atitude do seu “mito” depois da declaração divulgada. Veja no vídeo abaixo

Jackson Vilar, em outra oportunidade, se postava de forma bem diferente ao defender o presidente Jair Bolsonaro. Antes do dia 7 de setembro, ele gravou um vídeo fazendo um convite para as manifestações. Nesta ocasião ele chegou a ameaçar indígenas que estivessem em Brasília, dizendo claramente que haveria derramamento de sangue no dia dos protestos. Confira o vídeo no link abaixo.

https://twitter.com/i/status/1434131647591501824

Para alguns analistas políticos e juristas, o presidente Jair Bolsonaro pegou pesado nas suas duas falas, em Brasília e em São Paulo. Para a maioria o presidente cometeu crime de responsabilidade ao afirmar que não iria cumprir às decisões do ministro Alexandre de Moraes contra ele. A reação de alguns deputados e senadores seguiu no mesmo sentido.

Por: Edivaldo do Jornal

 

 

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