Saiba quem é o brasileiro premiado por foto de jacaré morto na seca; veja melhores imagens da carreira

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Paulista, Daniel de Granville Manço é biólogo por formação, pós-graduado em jornalismo científico e vive há 22 anos em Bonito (MS).

Premiado internacionalmente pela foto da carcaça de um jacaré na seca, Daniel de Granville Manço é paulista de nascença e sul-mato-grossense de coração. Aos 52 anos, o biólogo apaixonado por fotografia e natureza, mora há 22 em Bonito, é guia de turismo e registra animais até debaixo d’ água.

“Eu vim originalmente para trabalhar três meses em Mato Grosso do Sul e voltar. E esses três meses viraram esses 27 anos”, resume Daniel, que nasceu em Ribeirão Preto. Foi em solos sul-mato-grossenses que ele começou a fotografar.

Aprendendo com fotógrafos visitantes

Selecionado para guia de turismo temporário em 1994, em um hotel fazenda de Miranda, no Pantanal, Daniel acabou contratado e lá ficou por cinco anos. Neste período, começou a fotografar e hoje é um dos nomes mais lembrados quando o assunto é a fauna e a flora. Veja mais abaixo outras fotos de Daniel.

“Iam muitos fotógrafos profissionais do mundo todo lá [no hotel fazenda] e eu acabava trabalhando como guia para eles. O pessoal me designava, eu gostava e aproveitava para ir pegando dicas, etc. Aí que eu comecei. Com aquela abundância de vida silvestre que o Pantanal oferece eu comecei a pegar gosto, pegar dicas com os clientes, comprar os equipamentos mais adequados e aí que eu deslanchei na fotografia”, conta.

Carcaça de jacaré do Pantanal (Caiman yacare) em solo seco às margens da Rodovia Transpantaneira, município de Poconé (Mato Grosso) — Foto: Daniel De Granville Manço / TNC Photo Contest 2021

De Miranda, Daniel foi para Bonito. Durante um tempo, trabalhou como guia de turismo e consultor ambiental, o que o fez conhecer muita gente por lá. São pessoas que hoje o ajudam na arte de fotografar. Elas autorizam a entrada dele em áreas particulares ou avisam quando tem determinado animal ou um cenário diferente.

E a fotografia também depende do estudo do comportamento dos animais também faz parte do trabalho.

“Como é que ele aparece, se ele é um bicho muito arisco, se tem algum perigo de você se aproximar muito e acontecer alguma. Mas, felizmente, até hoje, eu nunca tive nenhum problema de me sentir ameaçado por um bicho que estava querendo me atacar, alguma coisa assim”.

Como ele fez a foto premiada

O primeiro prêmio de Daniel foi em 2006.

“Um concurso nacional de fotografia de aves. Fotografei um filhote de pavãozinho do Pará, no Pantanal. Mas não sou um participante ávido de tudo quanto é concurso. Felizmente, de vez em quando alguns”.

O último prêmio, o primeiro lugar na categoria ‘paisagem’ do concurso internacional de fotografia promovido pela organização ambiental The Nature Conservancy com foto que retrata a seca no Pantanal.

“É a primeira vez que ganho um concurso com uma foto chocante. Não é uma imagem bela, que causa prazer nas pessoas. Posso chamar de denúncia do que está acontecendo no nosso ambiente natural. É um outro enfoque da fotografia que me trouxe esse prêmio”.

E quando registrou a imagem, Daniel não tinha ideia de onde iria chegar.

“Foi uma coisa tão rápida. Nós fomos passar alguns dias no Pantanal e nós estávamos indo embora. Foi a última foto que eu fiz na viagem. Com restinho de bateria do drone. Eu tinha três minutos de bateria e por sorte eu consegui fazer. Na hora eu nem consegui conferir porque a gente estava pegando estrada. Só depois que cheguei em casa vi que tinha potencial. É uma foto que retrata bem o que aconteceu ano passado com o Pantanal e que infelizmente esse ano estese repetindo”.

Ariranha debaixo d´água: Daniel ficou um bom tempo observando comportamento — Foto: Daniel De Granville Manço/ Arquivo pessoal

Fica a dica para os iniciantes

Para quem está há pouco tempo no ramo, Daniel dá a dica.

“Quem está começando na fotografia e for fotografar animais, tem que se informar bastante sobre a vida daquele animal. Qual o sentido mais marcante desse animal? Ele se orienta mais pelo visual, ou pelo som, ou pelo olfato. Porque aí você sabe como se aproximar mais sem espantar o bicho e sem correr risco”, explica.

E Daniel gosta de passar adiante os conhecimentos que recebeu.

“Uma das coisas que mais me traz satisfação pessoal, além de fotografar, é ensinar fotografia. Compartilhar conhecimentos. Isso é uma coisa que eu gosto muito e eu sempre digo quando dou meus cursos, que essa troca de conhecimento é muito importante para você ter uma carreira de sucesso na fotografia de natureza. Então, por exemplo, quando eu encontro uma situação legal de fotografar, eu não guardo pra mim, não fico escondendo. Gosto de compartilhar. Quanto mais pessoas puderem registrar, é muito importante, até por ser um compromisso nosso com a conservação ambiental, pensando na fotografia natureza como uma ferramenta de conscientização ambiental”, finaliza.

Ave no Buraco das Araras, em Jardim — Foto: De Granville Manço/Arquivo pessoal

Ave fotografada no Pantanal — Foto: Daniel De Granville Manço/Arquivo pessoal

Onça no rio Três Irmãos, Parque Nacional do Encontro das Águas (MT) — Foto: Daniel De Granville Manço/Arquivo pessoal

Periquito-de-asa-amarela em cima de uma jiboia, em Bonito — Foto: Daniel De Granville Manço/Arquivo pessoal

Rio da Prata, em Jardim — Foto: Daniel De Granville Manço/ Arquivo pessoal

Talha-mar atacando um carcará que roubou seu ovo, no rio Negro, Pantanal de MS — Foto: Daniel De Granville Manço/ Arquivo pessoal

Região da Serra do Amolar, no Pantanal, área conhecida como os Arrombados do Taquari — Foto: Daniel De Granville Manço/Arquivo pessoal

Fonte: G1

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