Venda de automóveis elétricos cresce em meio à alta dos combustíveis

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O mercado nacional de veículos elétricos opera em alta e tem crescido cada vez mais nos últimos anos. É o que aponta dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), que registrou nos primeiros dez meses de 2021 um aumento de 74% na venda de veículos elétricos e híbridos, quando comparados a 2020. Entre janeiro e outubro deste ano, foram 27.097 unidades vendidas, 11.532 a mais que no mesmo período do ano passado.

Os números apontam um crescimento na busca dos brasileiros por veículos parcial ou totalmente movidos a energia elétrica, especialmente no atual período de crescente inflação e alta nos preços dos combustíveis. A previsão da ABVE é que 2021 seja encerrado com mais de 30 mil veículos elétricos vendidos, superando o recorde de 2020, que foi de 19.745 unidades comercializadas.

Somente no mês de outubro, as vendas de eletrificados somaram 2.823 unidades, ou 24% a mais do que em outubro de 2020, quando se contabilizou 2.273 veículos vendidos. Os mais procurados são do tipo elétrico híbrido não plug-in (HEV), como o Corolla Cross Hybrid, veículo que utiliza motores elétricos junto à combustão de etanol e gasolina de forma combinada ou escalonada. Os HEV’s representam 58% das vendas de janeiro a outubro deste ano.

Elétricos também incluem os automóveis híbridos plug-in (PHEV), que combinam motores a combustão àqueles movidos a bateria manualmente recarregável; além dos elétricos totalmente a bateria (BEV).

Para o vice-presidente de Veículos Leves da ABVE, Pedro Bentancourt, a expansão deste setor e do interesse dos consumidores ocorre graças à maior conscientização sobre as vantagens dos veículos eletrificados, além da maior disponibilidade de modelos no mercado. “Há entre os consumidores “pioneiros” um elevado senso de inovação, que se coaduna a um desejo de contribuir com o meio-ambiente e com o planeta. A experiência da propulsão eletrificada é única, do ponto de vista do conforto e da eficiência do uso da energia, percebida como potência imediata”, afirmou em entrevista ao O Hoje.

Segundo Bentancourt, estudos de consultorias apontam que a partir de 2030 os veículos eletrificados no Brasil possam atingir 30% do mercado, nas condições regulatórias atuais. “Se houver incentivos, aumento da disponibilidade e até aproximação do custo de aquisição comparado a automóveis com motores de combustão, isso pode ocorrer antes mesmo de 2030 e, quem sabe, acompanhar as tendências globais no futuro”.

Alta nos combustíveis

A procura por automóveis eletrificados ocorre num período em que o etanol e a gasolina têm registrado reajustes sucessivos ao consumidor. Em Goiânia, segunda Capital com a gasolina mais cara do Brasil, conforme dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), já é possível encontrar o litro do combustível sendo vendido a R$ 7,27. O valor do etanol chega a R$ 5,27. Com estes preços, abastecer um tanque de 50 litros custa R$ 363,50, se o combustível for gasolina e R$ 263,50, se for etanol.

Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mostra a taxa de valorização de produtos, entre outubro de 2020 e outubro de 2021 a gasolina registrou aumento de 39,6%. Embora o preço dos combustíveis esteja pesando cada vez mais no bolso dos consumidores, Bentancourt afirma que este é um fator secundário na procura por veículos eletrificados.

“Não podemos reputar o crescimento das vendas a esta causa, e sim ao aumento da informação disponível sobre a eletromobilidade e a oferta crescente de produtos, desde modelos considerados populares, até aqueles chamados ‘premium’. Os consumidores têm abraçado com entusiasmo a eletromobilidade, na medida em que os mitos relativos ao carregamento, à duração da bateria, ou ao uso durante a chuva são desmontados pelo uso cotidiano”, afirmou o diretor da ABVE, Pedro Bentancourt.

Mercado tradicional em crise

Enquanto a eletromobilidade no Brasil demonstra crescimento, a venda dos demais veículos a combustão tem registrado baixas consecutivas. A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) listou 276.033 unidades vendidas em outubro, queda de 17,07% em relação ao mesmo mês do ano passado. O resultado leva em conta todos os segmentos automotivos, exceto tratores e máquinas agrícolas.

Na comparação mês a mês, as vendas em outubro de 2021 tiveram leve queda, de 1,78%, em relação às de setembro. “Há segmentos em que a espera por um veículo pode levar meses, em função dos baixos estoques das concessionárias, que não estão conseguindo ter todos os pedidos atendidos pelas fábricas, devido à falta de insumos e componentes. Esperamos pela normalização da produção, mas acreditamos que isso só ocorra em meados de 2022”, disse o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, em entrevista à Agência Brasil.

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