Explante: doença do silicone faz crescer número de brasileiras que querem retirar próteses

A "doença do silicone" é uma tradução do termo em inglês "breast implant illness".

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Uma nova cirurgia tem ganhado destaque nos consultórios médicos, o explante. O procedimento consiste na remoção da prótese de silicone, que pode ser realizada por estética, ou por complicações no pós-cirúrgico, o que têm sido mais comum entre os pacientes.

A doença do silicone, é um termo genérico que pode englobar todas as complicações relacionadas à próteses, mas, geralmente, é popularmente relacionada a toxicidade do implante, que extravasa sem ser rompido. Já a Síndrome de Ásia, serve de gatilho e desencadeia sintomas semelhantes aos das doenças reumatológicas, como dor nas articulações, cansaço, distúrbios do sono, perda de cabelo, olho e boca secos.

A Síndrome de Ásia, por ser uma síndrome autoimune induzida por adjuvantes, é muito rara. Os sintomas são desencadeados por adjuvantes, termo que define a exposição do organismo a um “corpo ou substância” estranha. Por isso, especialistas afirmam que não há como garantir que a paciente tenha desenvolvido a condição somente pela prótese.

“Para colocar um implante mamário é necessário que o cirurgião seja sincero com a paciente, expondo todos esses riscos, e a paciente precisa ter maturidade para que nessa escolha seja levada em conta os benefícios e os riscos existentes. Por isso, antes da cirurgia, é importante conversar com o médico sobre todas as dúvidas. A confiança entre médico e paciente é fundamental nessa decisão”, orienta Dr. Fernando Amato, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

Segundo o especialista, no caso da doença do silicone os implantes, caso rompidos, podem migrar para a axila, gerando dor, desconforto e até prejudicando a drenagem linfática da mama e dos braços.

“É comum formar, ao redor de qualquer material implantado, uma cápsula. No caso dos implantes mamários essa cápsula pode ficar endurecida, com deformidade visível e até causar dor. Apesar de raro, existe um linfoma relacionado ao implante mamário e, nesse caso, a cirurgia para remoção do implante é a indicação. A prótese deve ser retirada em bloco, ou seja, o implante intacto dentro de sua cápsula”, explica o cirurgião.

Relato

A enfermeira Karina Fernandes, de 34 anos, implantou 340ml há quatro anos, mas, está com a cirurgia de explante marcada para o dia 28 de maio deste ano. Em entrevista à BBC, revelou que decidiu colocar o implante após dar a luz ao seu segundo filho. Após 25 dias da operação, os pontos de Karina começaram a abrir e ela precisou correr até o centro cirúrgico.

Ela acredita que seu corpo estava dando sinais de rejeição. “Com um ano e meio que estava com a prótese, eu comecei a notar alguns sintomas. Meu cabelo começou a cair muito, eu tinha um cansaço e uma fadiga que não passavam”, diz Karina.

Depois de dois anos, sua visão começou a ficar embaçada, além de surgir um “zumbido” no ouvido, que a fez perder o sono. A mulher, então, procurou estudos científicos sobre casos parecidos com o dela, até que encontrou um artigo sobre a síndrome ásia, que citava a “doença do silicone”.

Após a suspeita da doença, Karina começou a fazer exames. “Meu médico juntou todos os exames, somados aos sinais e sintomas e o convênio autorizou o explante. Eu tive que percorrer um caminho ao longo desses quatro anos de prótese”, conta.

Hoje, a mãe fala sobre a síndrome no seu perfil do TikTok e já acumula mais de 1,4 milhão de seguidores.  “Quando descobri que o meu problema era o silicone e que eu não estava doente com algo mais sério foi um alívio, porque eu tenho dois filhos”, desabafa a enfermeira.

“Hoje eu não penso em questões estéticas, espero apenas que fique da melhor forma possível”, conclui.

FONTE: Jornal O HOJE.com

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